segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A PEDRA FLORIDA

Passeavam pelo jardim milhares de pessoas por dia. Um jardim belo, com as mais diversas opções de flores, nas suas cores e aromas agradáveis. Em uma manhã como tantas outras, uma pura criança, de repente, interrompeu seu passeio "borbolético", parando extasiada com o olhar fixo em um ponto, um cantinho singelo, simples, discreto e acolhedor... ela fitava-o maravilhando-se com o que via, sem muito discernimento. No entanto, aquilo lhe causava uma imensa alegria e curiosidade.

Aproximou-se dela um homem de estatura formosa, exalando um aroma agradável, vestido em uma calça jeans azul, uma camisa simples, branca e sem estampas, calçando um sapato marrom e popular. Proferindo-lhe a palavra em um tom de voz firme e suave, perguntou àquela pura criança o que ela via, quando esta respondeu: “Uma linda flor brotando de uma linda pedra! Como isso é possível? Deve ser a flor mais bonita desse jardim”.

O senhor respondeu: Verdade, elas são muito bonitas, e poucas pessoas as percebem. Somente pessoas de corações puros que olham além do que veem, que não olham para a beleza exterior, e também aquelas que buscam a verdadeira essência da beleza de uma flor, não só na sua pétala, mas na sua origem. Mas, minha pequenina, fiquei curioso porque poucas pessoas olham para o que sustenta as flores (de onde elas brotam) e você enxergou aquela linda pedra!

Inocentemente, a criança continuou: Nunca tinha visto uma flor tão delicada brotar de uma pedra. É diferente, incomum, é fantástico!

Então, o homem, em sua sabedoria, explicou:

<respiração e olhar afetuoso>

DOCE criança, seu olhar inocente te fez enxergar um tesouro. Essa linda flor se chama Aizoaceae. É bela porque sua origem está sendo protegida por essa linda pedra, não é mesmo? Mas não são pedras, a Aizoaceae tem essa característica de brotar desse gomo que parece uma pedra, por isso ela é conhecida como "pedra-flor", "pedra-viva" ou "pedra-face”.

Assim como Deus falou a Samuel para olhar o coração e não as aparências quando foi ungir Davi (1Sm16:7), devemos olhar além da nossa visão humana e limitada, se olhássemos além das aparências, além do exterior, nós perceberíamos que é possível haver pétalas diamantinas dentro de supostas “pedras abstratas”.

Essa visão paradoxal de uma flor tão delicada e afável brotar de uma origem tão rústica, dura, ríspida e bruta traz uma reflexão; infelizmente as pedras (rochas) passam despercebidas, mas elas têm uma função muito importante, SERVIR! Elas são usadas para melhorar a vida das pessoas, prover segurança... são usadas nas ruas, nas paredes, ferramentas e muitas outras utilidades. Todas as pedras são preciosas, não somente aquelas de cores reluzentes, aquelas comuns têm uma valorosa função também. Ainda que estas tenham esse rótulo rude e muitas vezes são ignoradas e desprezadas, elas têm um papel fundamental e uma das mais belas funções: servir, ser útil e proteger!

A Aizoaceae possui esse gomo transluzindo uma pedra devido à sua necessidade de sobreviver no extremo seco, porém essa visão paradoxal nos presenteia quando suas pétalas brotam lindas e delicadas com cores brilhantes.

Semelhantemente a Aizoaceae, vemos muitas pessoas assim: discretas, firmes, rotuladas como rústicas devido algumas posturas um tanto diferentes e incomuns, todavia, assim como Aizoaceae que tem esse invólucro parecendo uma pedra, todavia não é. Essas pessoas possuem uma armadura, uma petrificação abstrata gerada por caminhadas no deserto, convivência com o extremo seco de uma vida sem a essência da salvação. Geralmente essa petrificação protege um belo jardim e somente aqueles que têm esse olhar inocente de uma criança conseguem enxergar e usufruir de tal beleza.

A sociedade se baseia em rótulos que definem erroneamente as pessoas. Uma visão baseada nos mandamentos de Deus quebra essa mazela de rotulagem quando a palavra de Deus nos fala que julgamento cabe somente ao Justo Juiz (Sl7.5  2Tm4.1). Já dizia Paulo, aquele escolhido que passou de perseguidorseguidor de Cristo, para não se amoldar a este século, isto é, não se adaptar à cultura ditada pelo homem secular (Rm12.2). Por essa postura errônea de julgamento indevido, muitos perdem a oportunidade de conhecer e desfrutar de belos jardins protegidos por guardiões, ditas “pedras ABSTRATAS.

<suspiro acalentador>
...
A criança, ainda extasiada com tanta beleza, absorvia a explanação que lhe fazia todo, e virando-se para o lado para aprender mais com o sábio homem, não conseguiu encontrá-lo. Havia desaparecido!

Aquele dia ficou gravado em sua memória até os dias atuais, fazendo-a ver além das aparências, levando-a a procurar belos jardins protegidos pelas “rochas e pedras abstratas”, porque esses são tão preciosos que poucos conseguem alcançar, explorar e se deleitar nas delicadezas de cada pétala aveludada.

Tendo aprendido a não sentenciar as pessoas com rótulos errados, pelo seu exterior, por mais similares que possam parecer nas suas definições, por exemplo, há uma grande tendência de classificar pessoas firmes e decididas como pessoas brutas e indelicadas! São características completamente diferentes – apesar de, geralmente aquelas que são firmes e decididas também serem indelicadas! Porém, é necessário um pouco de maturidade e intimidade para saber classificar corretamente e entender que dentro de uma provável pedra rústica há uma linda e delicada  flor.

Tomando para si esse aprendizado, ela então, se tornara a caçadora de pedras floridas!




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