A PEDRA
FLORIDA
Passeavam
pelo jardim milhares de pessoas por dia. Um jardim belo, com as mais diversas
opções de flores, nas suas cores e aromas agradáveis. Em uma manhã como tantas
outras, uma pura criança, de repente, interrompeu seu passeio "borbolético", parando extasiada com
o olhar fixo em um ponto, um cantinho singelo, simples, discreto e acolhedor...
ela fitava-o maravilhando-se com o que via, sem muito discernimento. No
entanto, aquilo lhe causava uma imensa alegria e curiosidade.
Aproximou-se
dela um homem de estatura formosa, exalando um aroma agradável, vestido em uma
calça jeans azul, uma camisa simples, branca e sem estampas, calçando um sapato
marrom e popular. Proferindo-lhe a palavra em um tom de voz firme e suave,
perguntou àquela pura criança o que ela via, quando esta respondeu: “Uma linda flor brotando de uma linda pedra!
Como isso é possível? Deve ser a flor mais bonita desse jardim”.
O
senhor respondeu: “Verdade, elas são
muito bonitas, e poucas pessoas as percebem. Somente pessoas de corações puros
que olham além do que veem, que não olham para a beleza exterior, e também
aquelas que buscam a verdadeira essência da beleza de uma flor, não só na sua
pétala, mas na sua origem. Mas, minha pequenina, fiquei curioso porque poucas
pessoas olham para o que sustenta as flores (de onde elas brotam) e você
enxergou aquela linda pedra!”
Inocentemente,
a criança continuou: “Nunca tinha visto
uma flor tão delicada brotar de uma pedra. É diferente, incomum, é fantástico!”
Então,
o homem, em sua sabedoria, explicou:
<respiração e olhar afetuoso>
“DOCE criança, seu olhar inocente te fez enxergar um tesouro. Essa linda
flor se chama Aizoaceae. É bela
porque sua origem está sendo protegida por essa linda pedra, não é mesmo? Mas
não são pedras, a Aizoaceae tem essa característica de brotar desse gomo que
parece uma pedra, por isso ela é conhecida como "pedra-flor",
"pedra-viva" ou "pedra-face”.
Assim
como Deus falou a Samuel para
olhar o
coração e não as aparências quando foi ungir Davi (1Sm16:7), devemos olhar além
da nossa visão humana e limitada, se olhássemos além das aparências, além do exterior,
nós perceberíamos que é possível haver pétalas diamantinas dentro de supostas “pedras
abstratas”.
Essa
visão paradoxal de uma flor tão delicada e afável brotar de uma origem tão
rústica, dura, ríspida e bruta traz uma reflexão;
infelizmente as pedras (rochas) passam despercebidas, mas elas têm uma função
muito importante, SERVIR! Elas são
usadas para melhorar a vida das pessoas, prover segurança... são usadas nas
ruas, nas paredes, ferramentas e muitas outras utilidades. Todas as pedras são
preciosas, não somente aquelas de cores reluzentes, aquelas comuns têm uma valorosa função também. Ainda que estas
tenham esse rótulo rude e muitas vezes são ignoradas e desprezadas, elas têm um
papel fundamental e uma das mais belas funções: servir, ser útil e proteger!
A
Aizoaceae possui esse gomo transluzindo uma pedra devido à sua necessidade de
sobreviver no extremo seco, porém essa visão paradoxal nos presenteia quando
suas pétalas brotam lindas e delicadas com cores brilhantes.
Semelhantemente
a Aizoaceae, vemos muitas pessoas assim: discretas, firmes, rotuladas como
rústicas devido algumas postur
as um tanto diferentes e
incomuns, todavia, assim como Aizoaceae que tem esse invólucro parecendo uma
pedra, todavia não é. Essas pessoas possuem uma armadura, uma petrificação abstrata
gerada por caminhadas no deserto, convivência com o extremo seco de uma vida sem a
essência da salvação. Geralmente essa petrificação protege um belo jardim e somente
aqueles que têm esse olhar inocente de uma criança conseguem enxergar e
usufruir de tal beleza.
A
sociedade se baseia em rótulos que definem erroneamente as pessoas. Uma visão
baseada nos mandamentos de Deus quebra essa mazela de rotulagem quando a
palavra de Deus nos fala que julgamento cabe somente ao Justo Juiz (Sl7.5 2Tm4.1). Já dizia Paulo, aquele escolhido que
passou de perseguidor a seguidor de Cristo, para não se amoldar
a este século, isto é, não se adaptar à cultura ditada pelo homem secular
(Rm12.2). Por
essa postura errônea de julgamento indevido, muitos perdem a oportunidade de
conhecer e desfrutar de belos jardins protegidos por guardiões, ditas “pedras ABSTRATAS.”
<suspiro acalentador>
...
A
criança, ainda extasiada com tanta beleza, absorvia a explanação que lhe fazia
todo, e virando-se para o lado para aprender mais com o sábio homem, não
conseguiu encontrá-lo. Havia desaparecido!
Aquele
dia ficou gravado em sua memória até os dias atuais, fazendo-a ver além das
aparências, levando-a a procurar belos jardins protegidos pelas “rochas e
pedras abstratas”, porque esses são tão preciosos que poucos conseguem
alcançar, explorar e se deleitar nas delicadezas de cada pétala aveludada.
Tendo
aprendido a não sentenciar as pessoas com rótulos errados, pelo seu exterior,
por mais similares que possam parecer nas suas definições, por exemplo, há uma
grande tendência de classificar pessoas firmes e decididas como pessoas brutas
e indelicadas! São características completamente diferentes – apesar de,
geralmente aquelas que são firmes e decididas também serem indelicadas! Porém,
é necessário um pouco de maturidade e
intimidade para saber classificar
corretamente e entender que dentro de
uma provável pedra rústica há uma linda e delicada flor.
Tomando para si esse aprendizado, ela então,
se tornara a caçadora de pedras floridas!